Campo Verde é referência para Mato Grosso quando o assunto é merenda escolar, tendo sido o primeiro município do estado a implantar uma cozinha central para o preparo da alimentação servida aos alunos da rede municipal de ensino.

Além da estrutura para o preparo e da qualidade dos alimentos, a capacitação das merendeiras garante uma alimentação saudável e balanceada aos alunos. Eventos como o “desafio das merendeiras”, estimulam as cozinheiras a usarem a criatividade e a se capacitarem cada vez mais.

Entre segunda (22) e terça-feira (23), 34 cozinheiras da Cozinha Piloto e de escolas da zona rural, participaram de um workshop com o renomado chefe de cozinha Vinicius Rossignoli, ex-participante do programa Masterchef Brasil, exibido pela Rede Bandeirantes de Comunicação e especialista em alimentos do cerrado. A vinda do chefe de cozinha a Campo Verde foi viabilizada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Radicado em Brasília, Vinícius repassou às merendeiras técnicas de preparo e de aproveitamento dos alimentos típicos do bioma. Ele destacou a iniciativa da Administração Municipal em proporcionar a capacitação às merendeiras e a estrutura da cozinha piloto, que, ainda neste ano, passará a funcionar em uma nova estrutura que está sendo construída anexa ao Centro Educacional Paulo Freire. “Eu conheço secretaria de educação pelo Brasil inteiro e são raríssimas as que possuem uma central de processamento de alimentos como esta aqui”, ressaltou.

Ele também elogiou o interesse das merendeiras em se capacitar. “Dá para perceber que elas são muito interessadas em aprender e fazer o melhor”, destacou. “Então, construindo uma área nova, que vai ser ainda melhor que esta, vai poder atender ainda mais crianças, com mais qualidade, não só na questão de equipamentos, mas principalmente na questão de técnicas. Vai fazer com que os alimentos cheguem com mais qualidade às escolas e que a gente possa reduzir desperdícios, que, às vezes, até por questão de prática, a gente trabalha de maneira errada com alguns insumos e acaba por perdê-los”, observou o chefe de cozinha.

Ele enfatizou que o workshop realizado teve como objetivo – além do melhor aproveitamento dos alimentos, despertar nos estudantes o gosto pelos sabores brasileiros e a terem orgulho daquilo que o país produz. “Eu não vim ensinar comida francesa, eu vim ensinar comida brasileira. Foram dois dias muito intensos, foram mais de doze receitas feitas, ou seja, a gente passou por pontos específicos de cada um dos dias dos cardápios, mas principalmente, ajustamos receitas para que as próximas etapas possam ser ainda mais saborosas, mais práticas e rápidas para o desenvolvimento das meninas (merendeiras)”, disse ele.

Dada a sua biodiversidade, Vinícius ressalta que o cerrado é capaz de fornecer uma gama de ingredientes com possam ser inseridos no cardápio escolar. “Nós temos no cerrado mais de 1,2 mil sabores e a ideia é que as crianças, através dessa falta de preconceito que elas têm em relação a esses frutos, elas possam aprender através da merenda escolar, o sabor que isso tem e gere uma memória afetiva”, disse.

Ele também elogiou a dedicação e o comprometimento das participantes em aprender as técnicas repassadas. “Estou muito orgulhoso delas. Se apresentaram, chegaram cedo e saíram tarde todos os dias. Eu saio daqui com orgulho de dizer que tivemos o dever cumprido e, com certeza, muitas informações foram deixadas que elas já começaram a replicar, muitos conceitos que foram apresentados elas já estão sabendo aplicar na gastronomia. Tenho muito orgulho de fazer parte desse projeto da Prefeitura”, enfatizou.

Trabalhando como merendeira há 30 anos, Adagiza de Souza Campos aprovou a realização do workshop. “Foi muito bom a gente aprender coisas novas”, disse ela. “A cada dia a gente aprende alguma coisa, a gente nunca sabe tudo. Então, assim, usar os condimentos, os alimentos que nós temos aqui no Mato Grosso, isso é muito bom. A cada dia que passa, tudo aquilo que a gente aprende, poder transmitir para nossas crianças é maravilhoso. Nós tivemos um aproveitamento muito grande nesse workshop e esperamos ter mais”, completou.

Responsável pela Cozinha Piloto, a nutricionista Liliane Citeli Cherubim lembrou que esta foi a primeira vez que as merendeiras tiveram um treinamento com um chefe de cozinha. “Já tivemos chefes que vieram para o Desafio das Merendeiras, já tivemos chefes que vieram para dar curso sobre carne suína, mas um treinamento específico de como melhor, qualificar a nossa merenda escolar, esta é a primeira vez e vamos ter outros com certeza”, garantiu ela.

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